sábado, 17 de julho de 2010

medrO e ossergorP

O melhor professor é aquele que aprova todos os alunos e preenche impecavelmente os diários. O que leciona, mesmo que de forma sublime, encantadora e voltada ao processo ensino-aprendizagem, é denominado problemático .
O bom político é quem quebra meu galho; não importa a fome dos outros. O policial exemplo é o que convive com os criminosos, até bebe cervejinha e divide intimidades com eles. Minha admirável vizinha é Weslla, pois me conta importantes fuxicos: que Keyth só come arroz com ovo e que a luz de Flávio fora cortada por falta de pagamento. E há uns amigos que adoro, porque estão sempre na farra comigo e me elogiam. Se falam mal de mim eu não fico sabendo. Já a namorada ideal é a garota que me carrega a todas as festas, que se embriaga e se droga comigo, que não se preocupa com gravidez nem com ressaca, que adora meu carro e os presente, que arrisca trabalho, e concursos públicos, e família por uma noite de sexo, e que, sobretudo, é bonita e se veste bem.
A formação moral do indivíduo acontece basicamente no seio familiar. Eu e meus irmãos nos divertíamos pegando manga e umbu em roças alheias; faltávamos às aulas de D. Irene para nadarmos no barreiro de Seu Neco e gozávamos da cara de Pe. Ermínio, por causa do seu jeito sereno e delicado – parecia o próprio Cristo falando. Minha mãe fumava em casa sem parar, mas não permitia que os filhos o fizessem também. Meu pai era uma figura. Não se preocupava com questões sociais nem políticas e nunca me enchia o saco pedindo para eu ser médico, tampouco me pressionava para que eu procurasse trabalho. Bons tempos aqueles!
Guarda de trânsito competente não multa; governo justo não tributa; marido fiel não expõe a amante; esposa leal não deixa o marido quando sabe da amante. Pais nunca punem: presenteiam; universidade não ensinam para a vida: empurram pra vida; confissões não absolvem pecados: limpam a ficha para se pecar mais ainda; ladrões não roubam: ensinam o cidadão a fechar a porta e a segurar mais forte o celular.
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante” – entendeu?! Às vezes até compreendemos as inversões: o péssimo é ter que conviver com elas.

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