sábado, 17 de julho de 2010

O INCOMPREENDIDO

O meu perfume agrada aos bons apreciadores,
E meus espinhos ferem os prepotentes, intrusos;
Mas não sou flor, mas não sou rosa.

O teu mau paladar não me saboreia,
O meu corpo tu não digeres;
Mas não sou fruta e nem sou carne.

A minha claridade ofusca a tua visão míope,
E o meu grito estronda nos teus ouvidos surdos;
Mas não sou luz, tampouco som.

E, se voo, minhas asas batem no teu queixo erguido;
E, se nado, minha calda joga água no teu sapato novo;
Mas não sou ave, muito menos peixe.

Sou a flor da primavera perdida no outono,
Sou a baleia que amamenta seu filhote nas areias do Saara,
Sou da água o pó; da ferida, a dor;
Sou do injustiçado o ódio; da mãe, o amor.

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